Alfabetização de crianças com Síndrome de Down
Projeto: Desenvolvendo a percepção e memória auditiva em crianças com Síndrome de Down como pré-requisito para a alfabetização
Helena A. D. Almeida Souza
Introdução
Essa proposta de ensino se refere à alfabetização de crianças com Síndrome de Down.
A Síndrome de Down,anteriormente chamada de mongolismo é uma malformação congênita causada por uma alteração do cromossomo 21, que é acompanhada de deficiência mental moderada ou grave. A incidência global da síndrome varia de acordo com a idade da mãe, mostrando-se mais freqüente à medida em que esta aumenta. É possível utilizar a amniocentese e a biópsia de vilosidades coriônicas para detectar a anormalidade cromossômica durante o período pré-natal. A anomalia cromossômica que causa a maioria dos casos de síndrome de Down é a trissomia do 21, presença de três cópias deste cromossomo.
Por muitos anos a criança com Síndrome de Down era considerada como retardada, incapaz e muitas vezes era confundida com deficientes mentais. Porém, com o avanço dos estudos e transformação principalmente da mentalidade humana essa visão vem se transformando e novas possibilidades estão surgindo para a escolarização e alfabetização de crianças especiais. Nesse sentido políticas públicas educacionais foram criadas para assegurar às crianças especiais o seu direito à educação.
Segundo a Constituição Federal/88, a educação é um dever do Estado e um direito de todos, sendo promulgada em 1988 com o seguinte objetivo::
“...instituir um Estado democrático , destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento. A igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional com a solução pacífica das controvérsias...” (CF/88, pág.11)
Nessa perspectiva todas as pessoas têm o direito a educação assegurado por lei. Sem distinção. E, quando a criança apresenta limitações que dificultam o seu processo de aprendizagem é necessário criar propostas de ensino que respeitem o seu ritmo de aprendizagem e principalmente, adaptações curriculares que favoreçam a sua aprendizagem e despertem seus interesses.
Dessa forma pretendemos por meio dessa proposta criar possibilidades para a alfabetização dos alunos com Síndrome de Down. Sendo que, aprender, compreender e lidar com a língua escrita é um processo interno que depende de informações e que é construído pelo alfabetizando num espaço de tempo diferente para cada pessoa que se alfabetiza.
Então, concluímos que por meio desse projeto pedagógico facilitaremos o processo de ensino-aprendizagem das crianças com Síndrome de Down, que freqüentam a Escola de Ensino Especial, viabilizaremos o processo de leitura e escrita e asseguraremos os seus direitos a uma educação de qualidade.
Objetivo geral:
v Proporcionar as crianças com Síndrome de Down a formação necessária para o desenvolvimento de suas habilidades em relação à escrita e leitura.
Objetivos específicos:
vEstimular a linguagem oral;
v Estruturar seu auto-conhecimento;
vDesenvolver seu campo perceptivo;
vDesenvolver a compreensão da realidade;
v Progredir satisfatoriamente em desenvolvimento físico;
vAdiquirir hábitos de bom relacionamento;
v Desenvolver atividades em grupo;
v Estimular a independência e organização;
vDesenvolver a lateralidade;
v Ampliar e enriquecer o vocabulário
v Adquirir conceitos de forma, quantidade, tamanho, espaço, tempo e ordem;
v Estimular a coordenação motora fina;
vIdentificar as letras do alfabeto;
vLer, escrever e automatizar as vogais orais, nasais e encontros vocálicos;
v Automatizar a leitura e escrita de palavras com sílabas formadas de consoantes mais vogais;
vLer e escrever textos escritos em frases diretas;
v Desenvolver habilidades e adquirir conhecimentos práticos que favoreçam seu comportamento no lar, na escola e na comunidade.
Metodologia:
· Contar histórias diversificadas;
· Promover “hora das novidades” para que o aluno possa expressar notícias atuais ou fatos relacionados a sua vida em família, escola e comunidade;
· Ouvir poemas, parlendas, músicas, adivinhações, trava-línguas,...;
· Transmitir frases ritmadas;
· Ler poemas para identificar rimas;
· Distribuir livros e revistas para folhear, observar gravuras, ler e interpretar;
· Recortes em jornais e revistas para exposição de murais sobre anúncios, propagandas, etc.
· Jogos utilizando as vogais maiúsculas e as vogais minúsculas;
· Trabalhar com alinhavos;
· Colagem sobre o nome;
· Ficha do nome;
· Pintura a dedo;
· Recorte e colagem de diferentes tipos de letras: cursiva/ imprensa, maiúscula/minúscula;
· Trabalhar com crachás para identificar vogais . letra inicial, final, encontros vocálicos, consoantes, letras e sílabas;
· Confeccionar caderno de rótulos;
· Fazer o treino da escrita transferindo da letra de imprensa para a cursiva;
· Apresentar atividades com ilustrações relativas as vogais e encontros vocálicos para completar;
· Confeccionar o caderno de linguagem por categorias com gravuras e nomes;
· Confeccionar o jogo do bingo (nome dos alunos, alfabeto, vogais, sílabas, palavras,...)
· Fixar cartazes com o alfabeto maiúsculo e minúsculo;
· Desenhos relacionados com as letras estudadas;
· Formar palavras utilizando sílabas em cartelas;
· Desenvolver atividades com o alfabeto móvel;
· Criar quebra-cabeça de palavras (ex: pa – to);
· Confeccionar dominó: Gravura/palavra, palavra/palavra, sílabas,...
· Confeccionar dados com sílabas;
· Trabalhar com músicas que envolvam as letras do alfabeto, principalmente para introduzir famílias silábicas;
· Trabalhar com atividades gráficas e escritas;
· Obs.: Será enfatizado o trabalho com materiais concretos, que ao longo do desenvolvimento do projeto poderão ser confeccionados mediante a necessidade.
Objeto:
Este projeto será direcionado as crianças com síndrome de down. Porém, é flexível por entender que os alunos com síndrome de down não possuem o mesmo ritmo de aprendizagem, devendo ser respeitados as etapas do seu desenvolvimento. Pois, cada criança requer uma forma de intervenção específica, a qual se adeque.
Recursos:
Revistas, jornais, diferentes papéis, tinta, giz, quadro, caixas, cartolina, papelão, lápis de cor, giz de cera, cola, tesoura, sucatas, cd, som, e.v.a., livros infantis,... e demais recursos que se fizerem necessários para a realização e adaptações necessárias para as atividades propostas.
Avaliação:
A avaliação será processual e diagnóstica, observando o desenvolvimento do projeto e os resultados alcançados pelos alunos. De forma a identificar as principais dificuldades apresentadas pelos mesmos para facilitar o processo de intervenção pedagógica para alcançar os resultados esperados.
Referências bibliográficas:
Constituição Federal 19988.22ª ed.Brasília: Câmara dos deputados, Coordenação de publicações, 2004
Mantoan, M. T. E. Inclusão escolar. O que é? Por que? Como Fazer? 1ª ed. São Paulo: Moderna, 2003.
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